quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O condenado pega carona

Aqui tudo é melancolia, a união inexistente do mudo
O coração solitário do vagabundo soprando frases de pura sabedoria
O medo das ruas tipografando assaltos famintos por almas
Condenadas na ilusão católica massacrante.
E eu nem sei por que os carros buzinam tanto
Eu nem sei por que o tanto é tanto
Nem por que a fome tem barriga cheia  
No saco da miséria cheia,
Não quero saber por que não quero nada,
Nem sair do lugar, nem soprar nem girar. 
Pare o mundo que eu quero descer!



terça-feira, 11 de outubro de 2011

RECORTE ENCEFÁLICO

A overdose do sucesso

A tristeza sempre sucumbiu o espermatozóide
Nas vitrines do sucesso
“Eu sou sucesso”
Qual o preço do sucesso?
A alma assombrada do Ian Curtis faz doações de poesias 
Ao ser humano no seu estado de alienação e dom para a arte musical
Das noites mais dolorosas de concentração epilética
As vozes noturnas e as danças dos cachorros perambulando pela lua da madrugada
Sempre inova a concentração de uma próxima vida mortal.
Que enigma há em tua mente tão louca e tão solitária entre os poetas dos confins do mundo?
O dia vai nascendo e os concretos tampando o buraco do infinito azul negro céu, 
Aqui estou eu nesse trilho, nesse trem que apita frases recitadas por um deus do vinho,
Por um deus da embriaguez, todos estão bêbados, as TVs embriagam no lugar do vinho. 
Sombria é a guerra 
Uma guerra que travei como meu coração sangrando choques elétricos nas vitrines surdas por democracia.
Eu implico, qual é o preço do sucesso?
A vida é o preço do sucesso,
Todos vão morrendo, vão caindo nesse mistério sem mistério
Senhores e senhoras dos 27, garotos dos 23
O sucesso os levou sem piedade
O sucesso levou as grandes vozes da vitrola que alimenta a alma dos encéfalos jovens narcotizado por presente sem nexo. 
                                         

 

                                                      Desenho – Ingrid Oliveira Santos Dourado

 Meu coração de isopor

A roupa dela manchada de conhaque e totalmente cheirando cigarro me arrancava um suspiro que eu não sei se era de ânsia de vomito ou se era de excitação, esse reflexo me saia da mente em forma de poesia ligeira e sábia, o frio me distraia, a chuva apagava meu cigarro e o litro conhaque pela metade me desviava da solidão mórbida, tudo isso se revelava em saudade.
Um fone colado no ouvido extraindo o som de um aparelho de MP4 onde eu podia ouvir o lamento de Kurt Cobain em seu grito e sua guitarra, meus passos seguiam leves e embriagado só pensando na mancha de conhaque e o cheiro de cigarro, também pensava no seu beijo doce, entre um pensamento e outro levantava o litro de conhaque ate a boca manchada de batom vermelho e pensava em voltar a sua casa, não tinha nem meia hora que eu tinha saído de lá e já estava com saudades do vicio repugnante que os seus olhos tinham de ficar me observando cantar e tocar uma canção qualquer que falasse de amor ou de ódio.
Sei que ando meio devagar com esse coração de isopor, lotado de escombros e estorços solitários. Uma ausência de medo e de coragem me atola em uma madrugada de neblina surda e muda derivada de pouco destino e muito mal do século, mas vou vivendo e amando como posso, não faço cartas, nem mando flores para ela, as flores deixam tristeza circulando no ar e as cartas revelam segredos que o tempo não pode apagar. Minha mente parece um turbilhão de veias lotadas de heroína, mas é só paixão em forma de punk rock. Calças e jaquetas pretas de couro sintético me revelaram uma juventude cheia de rebeldia, mas dotada de uma coragem que causa inveja nesse comodismo de hoje, a rebeldia vinha junto com o amor que preciso pra mim.
La estava eu, sentado naquele ponto de ônibus, embriagado em álcool e pensamentos.

“Bem vindo aos anos de chumbo” dizia a me mesmo com um gosto amargo na boca, um gosto do mês de agosto, não sabia nem que dia era aquela noite em que eu me encontrava dormindo em qualquer ponto esperando um ônibus azul cheio de paz e harmonia que me libertasse daquele beijo sedutor e infernal, daquele cheiro repugnante que me atraia de forma completamente estúpida, mas viciosa em uma paixão teatral, onde eu era o único representando o “palhaço do amor...” naquele tablado eu caminhava descalço sobre cacos de vidro, dançando o próprio passado eu passava despercebido pelo trem da vida que nunca para dar carona.


Parte 2

Dia seguinte acordei em ressaca amorosa e ideologia, nesses passos sem pressas e nos bares da vagabundagem encontrei o Jorge amado rosando língua com Caio Fernando Abreu, discutiam sobre putas, prostitutas, poetas, punks, Hippies, vagabundas Underground, Bluesmans, e gerações que nunca veriam novamente, me senti sujo, me senti muito bem, e senti minha historia contada em prantos, e sem perceber os passos dos olhos boêmios de Vinícius de Morais que se aproximará me apresentando a bebida que me condenaria a tomar um litro por dia futuramente “whisky  acendi um cigarro  dando lhe boa noite com um abraço sem jeito, ele Cheirava o mesmo cigarro da saudade, o mesmo cheiro repugnante que me  viciava em um amor  de calças coladas e jaquetas de couro sintético.
Depois de varias dozes com Vinícius levantei e subir na mesa recitando uma poesia de um poeta prodígio concebido antes de nascer:








Nascituro                                             I

O que sinto é só meu
Ninguém pode gritar em silêncio como grito.
Uma vez ou outra sinto que estou perto de fadas, ou será que as fadas
Que estão perto de mim?
Os galhos que pintei estão ficando verdes,
O que era um vinil sem distorção hoje se transformou em uma criação exuberante.
Não quero ser o que todos querem que eu seja, quero ser eu mesmo dentro de mim,
Quero que todos os espelhos se quebrem e nunca se reconstrua, só pode existir uma imagem de cada coisa, por mais que sejam parecidas.
Lamento mas as agulhas não me perfuram, e a tatuagem no meio do peito é uma penetração nas coxas da santa,
É apenas um símbolo demonstrando que o céu ganhara mais uma estrela.
Os sapatos que eram pintados de marrom se lambuzaram com a baba das guitarras em distorções extravagantes e generosas: tentam costurar um pedaço do útero que as bombas e os choques elétricos rasgaram.
Há um cheiro de magia no som de mister BARRET, tem um sabor fascinante que reconstrói os pulsos da alma e tira o gosto de sangue da saliva.
Quero urrar como Roberto Piva e sonhar como John Lennon
E ao mesmo tempo ser único,
Invocarei a sabedoria dos incas, maias e etc.
O meu amor comeu o dia de ontem e inventou canções para o de amanha.
Mascaras me mastigam
Meu sono entra em sentimento profundo e o sexo que o grão de feijão aplica nos nervos da terra me faz beijar túmulos e invocar sentinelas para as interrogações.
Quando minha alma não mais estiver no boneco de barro, para longe seguirei
Mas voltarei para contar historias do que vi e do que gostaria de ver.
Não me dá medo quando a porta do meu quarto esta aberta,
Às vezes saio pela janela só pra contrariar
Figurinhas já não são trocadas, são coladas no outro lado do muro por um sinal de gentileza,
Aprisionados vivem com medo da liberdade e a gente com medo das grades.
Alquimistas furam o teto encefálico
Jornalistas viajam nas bolinhas de godês
No universo o dia se torna escuro de mais e nada se realiza.
Ralos de pia vomitam o que lhe plantaram
Poucos sentem o que conseguem engolir
E esse cheiro de mofo anestesia um teto que abriga mendigos e vagabundos
E eu mais ou menos também.
Quase desmaiei nos soluços que minha alma deu quando cortaram o cordão umbilical.
  
II

Já era tarde da noite e a noite tinha sono e eu só queria querer
Eu hoje só quero quer
Não traço meus planos, não curto o engano de um destino que não posso escrever, nem pintar a óleo o rosto em tela.
Quero rasgar as mangas da noite e escovar os dentes dos dias que a por vir.
Quero escrever os mais belos versos, para vagabundos, mendigos, meninos das sinaleiras, e todos os que compõem essa feérica classe.
Quero desperdiçar meu talento em folhas de papel e depois deixar vibrar ao som de uma guitarra as palavras do vão infinito que se funde com o caos.
Quero ultrapassar as fronteiras do passado paralisando o futuro e me concentrando em um só momento, no momento em que meus passos estão realmente firmes no chão.
Deixarei o silêncio vibrar nos meus ouvidos por um minuto, e lembrar-me-ei dos amigos que se foram em torturas, condenados por uma simples palavra, “liberdade”.
Quero teatro nos bares, nas esquinas e nos olhos dos vampiros
Preciso de consolo, bem isso é fácil quando se encontra sozinho
Precisar de consolo é bem fácil, pois me encontro sozinho, e sozinho nos encontramos
Em um céu cor de chumbo.


III

No barulho ensurdecedor olhos se avistam se esfregam sem compromisso, só prazer e rebuliço, é como a chuva tocando a terra, é como ovos em frigideira, é um calor insustentável
Nessa fase sem limites, o desejo fala mais alto e a voz do orgulho geme pra não ceder à pedra de cristal fresco que temos em mente.
Uma flor nua se apresenta no tablete do teatro, ela sabe que está segura, mas não sabe o que fazer na frente desses moinhos de vento
Tudo expulso das rimas, versos, e poesias
O céu é pesado de mais pro meus olhos
Idéias falsas devoram o jovem espírito, reduz a pó os aventureiros
Que lutam contra o fantasma filosófico de intelectuais, ligeiramente perdidos pelo tempo
Meu amor é inútil
O “aquário de águas sujas” mim guia a “pensamento denso de nevoa álcool e muita solidão”.

Fui aplaudido pela maioria que se encontrará no local, Caio Fernando Abreu abriu a boca e me disse de olhos alagados: "E têm o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrario: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda"
 Isso me comoveu que acabou me movendo para fora do bar da vagabundagem.
La estava eu, novamente perdido nos labirintos da poluição, embaixo dos pés, paralelos, asfaltos, chicletes, cuspe, catarro e toda a nojeira que o ser humano pode produzir, mas o problema não era esse, e sim onde é que eu estava e o que realmente estava procurando, já não tinha rumo nem de vinho, nem de vida, nem de passo, nem de perna, nem de pé, nem de carona. A loucura se aproximara da minha nitidez, um labirinto de concreto prendera meus sonhos, mas não os meus pensamentos, não a minha alma, minha jaqueta de couro ainda brilha no escuro. Meio sem rumo, mas com coragem fui andando, cantando e chorando, mas sem lagrimas, fui devorando a madrugado, devorando meu cigarro e o cigarro me devorando lentamente, a saudade me devorava mais ainda, eu sei que eu era só um jovem apaixonado por alguém que eu nem conhecia direito, mais e daí ai? Paixão e amor não são pra se conhecer é para se sentir, é como um tiro certeiro acerta e nada mais resta a não ser fechar os olhos e desvendar o mistério que é tão simples, mas ninguém sabe. Já era dia eu corria contra o tempo para chegar em casa são e salvo fisicamente  por que  mentalmente estava perdido no cheiro repugnante, nos olhos de piedade, no beijo doce acompanhado de um trepada rápida cheia de gemido prazerosos, pensando comigo mesmo por que sai da frente do cheiro repugnante? Dos olhos da piedade? Do beijo doce acompanhado de trepadas e gemidas prazerosas? Não entendia não sabia nem sentia o que eu tinha feito, mas eu não tinha feito nada a não ser me apaixonar por uma punk da rua augusta.
A cada dia me convenço mais que esse planeta gira no vazio, no vazio gira o coração da humanidade
No vazio da rua augusta gira o meu, gira nos cafés tocando blues lento com voz rasgada
Voz de quem tem anos e anos na profissão de fumante, meu coração gira nas vitrines das lojas, também gira nessa movimentação de gente que não conheço, nessa poluição, nesses concretos que vão aranhando os céus, giro com mudo.
Aos poucos minhas narinas vão esquecendo o cheiro repugnante, a mancha de cigarro, os olhos de misericórdia, mas isso ao poucos, só aos poucos vou modelando e esculpindo o ar                                                                             
Com labaredas de fogo, com a lentidão de um blues, com os discos nesse quarto solido, nessa fogueira sem luz, nessa vida sem fé, oh de amargura me basta e se não me bastasse à amargura as moscas também resolveram me provocar, ficam zumbindo de um lado pra o outro vão rasgando o silencio com seus pares de asas, oh os meus cigarros acabaram o meu vicio continua o meu sonho continua, minha vida continua, acho que da pra ter um pouco de fé, por trás da poluição asquerosa o sol nasceu bonito.

Foto- Fábio Dourado Sousa
Recorte sonífero

Na minha cabeceira o sol
Do outro lado um motor em composição
Girando nos cegos
Um espaço, uma invasão
Um som, um ronco, um tronco
Concretos acordam, motores trabalham
Garotos procuram migalhas,
Vende, corta, implora, furta
A luz do dia, a luz da noite.
Agoniado trancada nas molduras de uma janela
No infinito hospital pra automóveis
Eu suspiro fundo rasgando com arame
O útero do encéfalo,
Ponho pra dentro do oco
Vagabundos com fome,
 Putas com sede de sexo,
 Prostitutas grávidas olhando
O uivo dos cães na madrugada
O medo dos mendigos nas calçadas
O choro da noite que vem em orvalho
O brilho da lua nos olhos do gato.
Minha janela,
Meu quadro móvel
Todos os dias eu vejo, eu ouço
Adolescentes nojentos, estúpidos
Confusos e furioso,
Sempre andando em bando
Pobres coitados sempre em aglomerações
Sempre solitário mentalmente
Futuros médicos, empresários, vagabundas, músicos,
Políticos, ladrões, traficantes... Etc.
Não os culpo do futuro incerto
Pois a massa cinzenta
Flutua sobre nossas cabeças há anos.
Durante esse tempo meu
Pedaço de carne e meu monte de ossos
Condenou-me a ser!  Hoje eu Sou
 Um gozo na eterna madrugada
Onde rasguei as artérias da alma
E com um fio de pele alaranjada
Costurei o entardecer sufocado
Em vícios solitários,
Pintei com o sangue do ventre do caos
Uma paisagem vibrada na gaita do Boy Dylan. 


                              Desenho extraído da internet (Google)


Fragilidade

Casa sem muita altura, um sobre salto nos com fins do infinito desespero agradável, não sei se desespero pode ser agradável, mas o meu desespero é na cidade sem casa, sem altura, sem habitante, sem imigrante, sem cultura. Depois desse sono quase eterno, não sinto cheiro de cigarros a não ser o do meu, não vejo manchas a não ser a das nuvens borrando o céu, já não ouço blues, a única coisa que consigo ouvir e a macha do militares pisando no asfalto quente, gritando ordem e progresso “o meu nariz é um sucesso” se é sucesso eu não sei, mas vivo num passado torturado, num futuro televisionado, num presente sem nexo, como fui parar naquele pau - de - arara eu não sei, mas as conseqüências foram grandes, o meu sangue escorre na comedia trágica do teatro nas esquinas, escorre na mesa do bar e na poesia dos choques elétricos, minha sede não é de justiça, cortaram a água e a luz também, no meu pensamento só restou à paixão pela vida, só restou, já não resta mais. O olhar de misericórdia morreu na geladeira militar, o ultimo grito
que ela deu saiu da boca de John Lennon “Give Peace a chance”.
A ampulheta da Historia esta sem funcionamento, minha condenada geração vaga rumo ao precipício encefálico, talvez isso faça parte da modernidade. Esses rumores de tempestade essas alucinações do concreto crescendo rumo ao infinito latifúndio das luzes perdidas, não agrada a minha pequena ilusão de viver da tinta do céu, dos escritos da terra, do teatro da noite, da poesia perdia em um desfiladeiro cheio de palavras tocando blues em nuvens de algodão nos anos 60.
 No desvio de uma vida virada de trás pra frente cochichos de uma alma no pau de arara me implora uma reza pra ditadura não voltar, mas ela já esta ai no meio do povo torturando os cérebros adolescentes, na verdade ela sempre esteve por ai, nunca foi embora, só mudou o uniforme e o jeito de lutar, o cheiro continua sempre o mesmo, as dores os choques a repressão, tudo sempre esteve tudo sempre esta no mesmo lugar. 
 
 Foto extraída da internet (Google) com efeitos de Fábio Dourado Sousa


Humanos!

Plenitudes frágeis quebram- se
Como se estivesse em casca de ovos,
Sugam a realidade pra marte,
Agora a fome é quem consome
E também quem fuzila.
Os gritos de eletricidade
Vão abortando cicatrizes,
Torcendo e destorcendo parafusos,
Lá fora os gritos de socorro
Misturam-se com barulho
Da chuva que cai sobre
Carros em movimentos.
_socorro...
            _socorro...
                         _socorro...
                                   _socorro...
                                       

socoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
rro......
_socorro...
                     _socorro...
            _socorro...
_socorro...                                                                                             
                    
                _socorro...
                  
                         _socorro...                
                                              _socorro...
                                       

                                               _socorro...



Escutei novamente a cegueira
Conter o silêncio da realidade,
E as aglomerações de concreto
Esfola os miolos de quase tudo
Que um monte de ossos segura...

No ponto de ônibus

Foi no lado torto da vida que aprendi a olhar nos olhos da realidade, não gosto de conto de fadas, vida real também não sei viver.
Breves borboletas, existindo da melhor forma que podem. E nós como podemos existir?
A vida lhe dar perguntas que nem sempre precisam de respostas
O mistério da vida é uma orbita um dia um espírito, no outro um corpo vivo. Você sempre se imaginou um guerreiro, um místico, um roqueiro de cabelos compridos e barba grande, cheio de fama, rodado de mulheres. Mas preste atenção, nem sempre imaginar é o suficiente, nem sempre sonhar é o suficiente, tem que acreditar no que se faz e alem de acreditar, amar, estudar e correr atrás do desejado.
Sei que minha aparência não é boa, mas é assim mesmo nos filósofos do caos não temos tempo para maquiagem, não temos tempo pra TV, não temos tempo pro tempo, andei dois dias e meio na chuva estou com uma gripe terrível e a chuva não pra e eu não chego, tenho que encontrar vários perdidos assim como você, sua aparência é bem melhor que a minha, mas sua consciência é pior que a de um rato, essas agulhas e esses cortes no corpo não te leva a lugar nenhum, já lhe disse para acreditar no que faz amar o que faz isso é o suficiente, olha meu ônibus esta chegando fique em silêncio por que eu vou partir em silêncio.

Herança


Socorro! O pranto é sem choro
O dia é sem sol,
O ano não termina pra muitos
Aonde vai você?
Seus passos estão quebrados
E o destino é sem passado
Na fotografia sem cor
Nos homens sem luz.
Minha condução
É uma garrafa de vinho tinto
É um cigarro de palha
Nesse jogo não tem fases
Não tem frases, falta rima
Faltou coragem, sobrou migalha
Da herança de qualquer futuro.
“Herdeiros do fim do mundo
 Queimai vossa história tão mal contada”

  Foto – Fábio Dourado Sousa

Uivando 

A cintura não seria tão fina,
As coxas não mais seriam lisas,
Fios brancos entremeavam nos cabelos castanhos,
Seria o uivo dos cães brigando por misericórdia?
Os anjos do presépio têm a face marcada por orgasmo nostálgico.
 As garotas choram por sexo,
Os homens choram por sexo,
Somente a ilusão busca o amor,
A verdade é uma mentira eterna,
A mentira e uma verdade passageira,
 Quase tudo se perde,
Na cintura que não seria tão fina,
Nas coxas que não mais seriam lisas,
Nos fios brancos que a frialdade da terra rouba
Deflorando o fluxo de vida no silencio dos séculos.
Quase tudo se perdendo
 Em uma “trágica Festa emocionante”





                                                     Foto- Fábio Dourado Sousa


Flores do tumulo

Minha sensibilidade esta meio a flor da pele, estou condenando na porta estreita do caminhão de lixo iluminado com olhos na cara do passado, queimo incenso para aliviar a dor do mal olhado  
Estou entre feras que devoram os próprios filhos, meu ataque esquizofrênico revela a lagrima de uma flor nua, brilhando duvidas vendendo terreno no céu.
_ Sabem que eu existo?
Eu sei que eu existo, e isto me basta
Nos poetas não temos o direito de amar e nem de falar pra ninguém quem somos, vivemos secretos dentro dos nossos livros, dentro da nossa liberdade, na verdade nos poetas
Podemos tudo e mais um pouco, hoje fui entregar flores no tumulo do meu amigo Jack kerouac, sentei e chorei por que vi meu passado passar dentro de uma alucinação dos escritos do meu amigo.  Quero sair paras as ruas quero sair para o mundo, quero encontrar o a garota punk novamente quero ver os manequins nas vidraças das lojas na rua augusta e sentir o cheiro repugnante do cigarro da saudade que não será mais saudade. As vitrolas tocarão musicas sem nostalgia.
A ausência do cheiro de cigarro e da mancha de conhaque me atordoa, mas também me deixa livre pra conversar com os beatniks, pra falar sobre a libertação das mulheres nos anos 60.
O sexo pálido e doce começou a dançar ao redor do fogo, borbulhante labaredas de libertação e paixão não mais reprimida pelos donos da história religiosa e pelos seguidores da língua adâmica.
O sexo pálido poético das enfermeiras aprisionadas por soldados de guerra estão procurando um violão e uma carona de beira de estrada, estão procurando o caminho do Woodstock.                           
        

                                                                       Fábio Dourado






 
                                                  Foto- Extraída da internet (Google)


Turbilhões

Atrás da retrospectiva histórica esqueletos e crianças dançam no mesmo sinal, no mesmo arco-íris de borboletas avermelhada por vinho sangrento das catedrais cegas surdas e mudas.
As religiões defloraram, violentaram as mentes dos
adolescentes encefálicos, venderam pedaços de terra no céu para os anjos famintos de almas que caminham com pés descalços nos asfaltos quentes feito inferno.
Tirei a venda dos meus olhos, tirei meu corpo das torturas. Minha poesia indefinida rasga as madrugadas boemias com livro de Arthur Rimbaud nas iluminuras dos meus braços.
Na acides dos olhos
No pecado da carne
No retorno da sensibilidade
Nas frases mais sagradas dos dilúvios mortais no fim do mundo
Intitulam-me alguns; outros colocam em me etiquetas, sempre me põem rotulo de poeta do caos.
Mas sou e continuarei indefinido,
Com inspiração nos olhos dos cachorros vagabundeando na rua, virando lata de lixo, esperando a dança dos ossos sobrevoar tsunamis, escrevo sobre os restos mortais dessa desumanidade que vai embora junto com a onda
Todos os olhos foram embora
Todos os pecados e as carnes
Todas as sensibilidades e as artes
Tudo foi embora
Só restou a minha poesia do caos indefinido
São sangrentas as palavras futuristas.








Aurora e concreto

Hoje eu deixei os livros de filosofia para encher o celebro de concretos fresco. Calejei meus braços, minhas pernas, minhas mãos. Construir edifícios para ricos sem alma, barracos para pobres famintos.
No meio dessa guerra; nascem do útero os filhos vísceras de sonhos quase eternos.
As barras de ferro perfuram as nuvens, as mesmas perfuram o inferno.
Como falar das fadas adormecidas nas vitrines do futuro incerto?
Eu suspirei mais cedo hoje, ouvi o galo cantar com a tristeza de um blues as palavras do desassossego do bom dia.
Os motores e os pássaros acordaram na mesma hora. A movimentação do concerto em direção aos corações dos adolescentes perambulando para o colégio para a manipulação de mentes viciadas em vestibular, enquanto isso, os santos de mãos calejadas suspiram óleo diesel no café da manha, todos acordaram na mesma hora; à hora da abolição distribuída entre os pobres.
Não sei falar do incerto futuro, mas os fantoches se entregam nas garupas das motos fantasmas. O sentimento é meio tenso nas cortinas amarelas, nas chamas por taras da garoa, nos catadores de papel, nas frases inteligentes que os vagabundos recitam para os senhores de estúpidas gravatas.
Não me pergunte onde esta a piedade!
Você sabe onde posso encontra uma migalha de pão?
Não! Ninguém sabe.
Sei que a fome é nítida na nicotina juvenil.
Quero todos os corações dos tocadores de musica triste
Só assim posso decifrar os códigos dos sabores amargos.
Esqueceram de me ensinar como sobreviver nas ruas, e como comunicar como próximo com gentileza. Pensaram de mais em vestibular acabei perdendo a noção do tempo, perdendo a noção da nação, perdendo a noção de me e dos meus pensamentos, perdendo a noção da vida e da morte!
É difícil ver os famintos cães vagando na areia quente do deserto como coração apunhalado nos dedos e a mente na imensidão; Sentem que o fim é sem começo e o passado é completamente um segredo desvendadamente nítido nos olhos cegos por claridade católica.
Os rachados pés perambulam o sol da noite de tempestades intermináveis.
As crianças continuam a jogar bola nos campinhos de terra que empoeira os olhos pra não ver a bola de trapo rodando o estomago sem concentração de ternura do alimento imaginário.
Já da pra saber que almas existem?

 (Fábio Dourado Sousa)