A
overdose do sucesso
A
tristeza sempre sucumbiu o espermatozóide
Nas
vitrines do sucesso
“Eu
sou sucesso”
Qual
o preço do sucesso?
A
alma assombrada do Ian Curtis faz doações de poesias
Ao ser humano no seu estado de alienação e dom para
a arte musical
Das noites mais dolorosas de concentração epilética
As vozes noturnas e as danças dos cachorros perambulando
pela lua da madrugada
Sempre inova a concentração de uma próxima vida
mortal.
Que enigma há em tua mente tão louca e tão solitária
entre os poetas dos confins do mundo?
O dia vai nascendo e os concretos tampando o buraco
do infinito azul negro céu,
Aqui estou eu nesse trilho, nesse trem que apita
frases recitadas por um deus do vinho,
Por um deus da embriaguez, todos estão bêbados, as
TVs embriagam no lugar do vinho.
Sombria é a guerra
Uma guerra que travei como meu coração sangrando
choques elétricos nas vitrines surdas por democracia.
Eu implico, qual é o preço do sucesso?
A
vida é o preço do sucesso,
Todos
vão morrendo, vão caindo nesse mistério sem mistério
Senhores
e senhoras dos 27, garotos dos 23
O
sucesso os levou sem piedade
O
sucesso levou as grandes vozes da vitrola que alimenta a alma dos encéfalos
jovens narcotizado por presente sem nexo.
Desenho – Ingrid Oliveira Santos Dourado
|
A
roupa dela manchada de conhaque e totalmente cheirando cigarro me arrancava um
suspiro que eu não sei se era de ânsia de vomito ou se era de excitação, esse
reflexo me saia da mente em forma de poesia ligeira e sábia, o frio me distraia,
a chuva apagava meu cigarro e o litro conhaque pela metade me desviava da
solidão mórbida, tudo isso se revelava em saudade.
Um
fone colado no ouvido extraindo o som de um aparelho de MP4 onde eu podia ouvir
o lamento de Kurt Cobain em seu grito e sua guitarra, meus passos seguiam leves
e embriagado só pensando na mancha de conhaque e o cheiro de cigarro, também
pensava no seu beijo doce, entre um pensamento e outro levantava o litro de
conhaque ate a boca manchada de batom vermelho e pensava em voltar a sua casa,
não tinha nem meia hora que eu tinha saído de lá e já estava com saudades do
vicio repugnante que os seus olhos tinham de ficar me observando cantar e tocar
uma canção qualquer que falasse de amor ou de ódio.
Sei
que ando meio devagar com esse coração de isopor, lotado de escombros e
estorços solitários. Uma ausência de medo e de coragem me atola em uma
madrugada de neblina surda e muda derivada de pouco destino e muito mal do
século, mas vou vivendo e amando como posso, não faço cartas, nem mando flores
para ela, as flores deixam tristeza circulando no ar e as cartas revelam
segredos que o tempo não pode apagar. Minha mente parece um turbilhão de veias
lotadas de heroína, mas é só paixão em forma de punk rock. Calças e jaquetas
pretas de couro sintético me revelaram uma juventude cheia de rebeldia, mas
dotada de uma coragem que causa inveja nesse comodismo de hoje, a rebeldia
vinha junto com o amor que preciso pra mim.
La
estava eu, sentado naquele ponto de ônibus, embriagado em álcool e pensamentos.
“Bem
vindo aos anos de chumbo” dizia a me mesmo com um gosto amargo na boca, um
gosto do mês de agosto, não sabia nem que dia era aquela noite em que eu me
encontrava dormindo em qualquer ponto esperando um ônibus azul cheio de paz e
harmonia que me libertasse daquele beijo sedutor e infernal, daquele cheiro
repugnante que me atraia de forma completamente estúpida, mas viciosa em uma
paixão teatral, onde eu era o único representando o “palhaço do amor...”
naquele tablado eu caminhava descalço sobre cacos de vidro, dançando o próprio
passado eu passava despercebido pelo trem da vida que nunca para dar carona.
Parte 2
Dia seguinte acordei em ressaca amorosa e
ideologia, nesses passos sem pressas e nos bares da vagabundagem encontrei o
Jorge amado rosando língua com Caio Fernando Abreu, discutiam sobre putas,
prostitutas, poetas, punks, Hippies, vagabundas Underground,
Bluesmans, e gerações que nunca veriam novamente, me senti sujo, me senti muito
bem, e senti minha historia contada em prantos, e sem perceber os passos dos
olhos boêmios de Vinícius de Morais que se aproximará me apresentando a bebida
que me condenaria a tomar um litro por dia futuramente “whisky” acendi um
cigarro dando lhe boa noite com um
abraço sem jeito, ele Cheirava o mesmo cigarro da saudade, o mesmo cheiro
repugnante que me viciava em um
amor de calças coladas e jaquetas de
couro sintético.
Depois de varias dozes com Vinícius
levantei e subir na mesa recitando uma poesia de um poeta prodígio concebido
antes de nascer:
Nascituro I
O
que sinto é só meu
Ninguém
pode gritar em silêncio como grito.
Uma
vez ou outra sinto que estou perto de fadas, ou será que as fadas
Que
estão perto de mim?
Os
galhos que pintei estão ficando verdes,
O
que era um vinil sem distorção hoje se transformou em uma criação exuberante.
Não
quero ser o que todos querem que eu seja, quero ser eu mesmo dentro de mim,
Quero
que todos os espelhos se quebrem e nunca se reconstrua, só pode existir uma
imagem de cada coisa, por mais que sejam parecidas.
Lamento
mas as agulhas não me perfuram, e a tatuagem no meio do peito é uma penetração
nas coxas da santa,
É
apenas um símbolo demonstrando que o céu ganhara mais uma estrela.
Os
sapatos que eram pintados de marrom se lambuzaram com a baba das guitarras em
distorções extravagantes e generosas: tentam costurar um pedaço do útero que as
bombas e os choques elétricos rasgaram.
Há
um cheiro de magia no som de mister BARRET, tem um sabor fascinante que reconstrói
os pulsos da alma e tira o gosto de sangue da saliva.
Quero
urrar como Roberto Piva e sonhar como John Lennon
E
ao mesmo tempo ser único,
Invocarei
a sabedoria dos incas, maias e etc.
O
meu amor comeu o dia de ontem e inventou canções para o de amanha.
Mascaras
me mastigam
Meu
sono entra em sentimento profundo e o sexo que o grão de feijão aplica nos
nervos da terra me faz beijar túmulos e invocar sentinelas para as interrogações.
Quando
minha alma não mais estiver no boneco de barro, para longe seguirei
Mas
voltarei para contar historias do que vi e do que gostaria de ver.
Não
me dá medo quando a porta do meu quarto esta aberta,
Às
vezes saio pela janela só pra contrariar
Figurinhas
já não são trocadas, são coladas no outro lado do muro por um sinal de
gentileza,
Aprisionados
vivem com medo da liberdade e a gente com medo das grades.
Alquimistas
furam o teto encefálico
Jornalistas
viajam nas bolinhas de godês
No
universo o dia se torna escuro de mais e nada se realiza.
Ralos
de pia vomitam o que lhe plantaram
Poucos
sentem o que conseguem engolir
E
esse cheiro de mofo anestesia um teto que abriga mendigos e vagabundos
E
eu mais ou menos também.
Quase
desmaiei nos soluços que minha alma deu quando cortaram o cordão umbilical.
II
Já
era tarde da noite e a noite tinha sono e eu só queria querer
Eu
hoje só quero quer
Não
traço meus planos, não curto o engano de um destino que não posso escrever, nem
pintar a óleo o rosto em tela.
Quero
rasgar as mangas da noite e escovar os dentes dos dias que a por vir.
Quero
escrever os mais belos versos, para vagabundos, mendigos, meninos das
sinaleiras, e todos os que compõem essa feérica classe.
Quero
desperdiçar meu talento em folhas de papel e depois deixar vibrar ao som de uma
guitarra as palavras do vão infinito que se funde com o caos.
Quero
ultrapassar as fronteiras do passado paralisando o futuro e me concentrando em
um só momento, no momento em que meus passos estão realmente firmes no chão.
Deixarei
o silêncio vibrar nos meus ouvidos por um minuto, e lembrar-me-ei dos amigos
que se foram em torturas, condenados por uma simples palavra, “liberdade”.
Quero
teatro nos bares, nas esquinas e nos olhos dos vampiros
Preciso
de consolo, bem isso é fácil quando se encontra sozinho
Precisar
de consolo é bem fácil, pois me encontro sozinho, e sozinho nos encontramos
Em
um céu cor de chumbo.
III
No
barulho ensurdecedor olhos se avistam se esfregam sem compromisso, só prazer e
rebuliço, é como a chuva tocando a terra, é como ovos em frigideira, é um calor
insustentável
Nessa
fase sem limites, o desejo fala mais alto e a voz do orgulho geme pra não ceder
à pedra de cristal fresco que temos em mente.
Uma
flor nua se apresenta no tablete do teatro, ela sabe que está segura, mas não
sabe o que fazer na frente desses moinhos de vento
Tudo
expulso das rimas, versos, e poesias
O
céu é pesado de mais pro meus olhos
Idéias
falsas devoram o jovem espírito, reduz a pó os aventureiros
Que
lutam contra o fantasma filosófico de intelectuais, ligeiramente perdidos pelo
tempo
Meu
amor é inútil
O
“aquário de águas sujas” mim guia a “pensamento denso de nevoa álcool e muita
solidão”.
Fui aplaudido pela maioria que se
encontrará no local, Caio Fernando Abreu abriu a boca e me disse de olhos
alagados: "E têm o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos
matar, nem desistir. Pelo contrario: vamos ficar ótimos e incomodar bastante
ainda"
Isso me comoveu que acabou me movendo para
fora do bar da vagabundagem.
La estava eu, novamente perdido nos
labirintos da poluição, embaixo dos pés, paralelos, asfaltos, chicletes, cuspe,
catarro e toda a nojeira que o ser humano pode produzir, mas o problema não era
esse, e sim onde é que eu estava e o que realmente estava procurando, já não
tinha rumo nem de vinho, nem de vida, nem de passo, nem de perna, nem de pé,
nem de carona. A loucura se aproximara da minha nitidez, um labirinto de
concreto prendera meus sonhos, mas não os meus pensamentos, não a minha alma,
minha jaqueta de couro ainda brilha no escuro. Meio sem rumo, mas com coragem fui
andando, cantando e chorando, mas sem lagrimas, fui devorando a madrugado, devorando
meu cigarro e o cigarro me devorando lentamente, a saudade me devorava mais
ainda, eu sei que eu era só um jovem apaixonado por alguém que eu nem conhecia
direito, mais e daí ai? Paixão e amor não são pra se conhecer é para se sentir,
é como um tiro certeiro acerta e nada mais resta a não ser fechar os olhos e
desvendar o mistério que é tão simples, mas ninguém sabe. Já era dia eu corria
contra o tempo para chegar em casa são e salvo fisicamente por que
mentalmente estava perdido no cheiro repugnante, nos olhos de piedade,
no beijo doce acompanhado de um trepada rápida cheia de gemido prazerosos,
pensando comigo mesmo por que sai da frente do cheiro repugnante? Dos olhos da
piedade? Do beijo doce acompanhado de trepadas e gemidas prazerosas? Não
entendia não sabia nem sentia o que eu tinha feito, mas eu não tinha feito nada
a não ser me apaixonar por uma punk da rua augusta.
A cada dia me convenço mais que esse
planeta gira no vazio, no vazio gira o coração da humanidade
No vazio da rua augusta gira o meu, gira
nos cafés tocando blues lento com voz rasgada
Voz de quem tem anos e anos na profissão
de fumante, meu coração gira nas vitrines das lojas, também gira nessa
movimentação de gente que não conheço, nessa poluição, nesses concretos que vão
aranhando os céus, giro com mudo.
Aos poucos minhas narinas vão esquecendo
o cheiro repugnante, a mancha de cigarro, os olhos de misericórdia, mas isso ao
poucos, só aos poucos vou modelando e esculpindo o ar
Com labaredas de fogo, com a lentidão de
um blues, com os discos nesse quarto solido, nessa fogueira sem luz, nessa vida
sem fé, oh de amargura me basta e se não me bastasse à amargura as moscas também
resolveram me provocar, ficam zumbindo de um lado pra o outro vão rasgando o
silencio com seus pares de asas, oh os meus cigarros acabaram o meu vicio
continua o meu sonho continua, minha vida continua, acho que da pra ter um pouco
de fé, por trás da poluição asquerosa o sol nasceu bonito.
Foto-
Fábio Dourado Sousa
Recorte
sonífero
Na
minha cabeceira o sol
Do
outro lado um motor em composição
Girando
nos cegos
Um
espaço, uma invasão
Um
som, um ronco, um tronco
Concretos
acordam, motores trabalham
Garotos
procuram migalhas,
Vende,
corta, implora, furta
A
luz do dia, a luz da noite.
Agoniado
trancada nas molduras de uma janela
No
infinito hospital pra automóveis
Eu
suspiro fundo rasgando com arame
O
útero do encéfalo,
Ponho
pra dentro do oco
Vagabundos
com fome,
Putas com sede de sexo,
Prostitutas grávidas olhando
O
uivo dos cães na madrugada
O
medo dos mendigos nas calçadas
O
choro da noite que vem em orvalho
O
brilho da lua nos olhos do gato.
Minha
janela,
Meu
quadro móvel
Todos
os dias eu vejo, eu ouço
Adolescentes
nojentos, estúpidos
Confusos
e furioso,
Sempre
andando em bando
Pobres
coitados sempre em aglomerações
Sempre
solitário mentalmente
Futuros
médicos, empresários, vagabundas, músicos,
Políticos,
ladrões, traficantes... Etc.
Não
os culpo do futuro incerto
Pois
a massa cinzenta
Flutua
sobre nossas cabeças há anos.
Durante
esse tempo meu
Pedaço
de carne e meu monte de ossos
Condenou-me
a ser! Hoje eu Sou
Um gozo na eterna madrugada
Onde
rasguei as artérias da alma
E
com um fio de pele alaranjada
Costurei o entardecer sufocado
Em
vícios solitários,
Pintei
com o sangue do ventre do caos
Uma
paisagem vibrada na gaita do Boy Dylan.
Desenho extraído da internet (Google)
Fragilidade
Casa sem muita altura, um sobre salto nos
com fins do infinito desespero agradável, não sei se desespero pode ser
agradável, mas o meu desespero é na cidade sem casa, sem altura, sem habitante,
sem imigrante, sem cultura. Depois desse sono quase eterno, não sinto cheiro de
cigarros a não ser o do meu, não vejo manchas a não ser a das nuvens borrando o
céu, já não ouço blues, a única coisa que consigo ouvir e a macha do militares
pisando no asfalto quente, gritando ordem e progresso “o meu nariz é um
sucesso” se é sucesso eu não sei, mas vivo num passado torturado, num futuro
televisionado, num presente sem nexo, como fui parar naquele pau - de - arara
eu não sei, mas as conseqüências foram grandes, o meu sangue escorre na comedia
trágica do teatro nas esquinas, escorre na mesa do bar e na poesia dos choques
elétricos, minha sede não é de justiça, cortaram a água e a luz também, no meu
pensamento só restou à paixão pela vida, só restou, já não resta mais. O olhar
de misericórdia morreu na geladeira militar, o ultimo grito
que ela deu saiu da boca de John Lennon “Give Peace a chance”.
A ampulheta da Historia esta sem
funcionamento, minha condenada geração vaga rumo ao precipício encefálico,
talvez isso faça parte da modernidade. Esses rumores de tempestade essas
alucinações do concreto crescendo rumo ao infinito latifúndio das luzes
perdidas, não agrada a minha pequena ilusão de viver da tinta do céu, dos
escritos da terra, do teatro da noite, da poesia perdia em um desfiladeiro
cheio de palavras tocando blues em nuvens de algodão nos anos 60.
No
desvio de uma vida virada de trás pra frente cochichos de uma alma no pau de
arara me implora uma reza pra ditadura não voltar, mas ela já esta ai no meio
do povo torturando os cérebros adolescentes, na verdade ela sempre esteve por
ai, nunca foi embora, só mudou o uniforme e o jeito de lutar, o cheiro continua
sempre o mesmo, as dores os choques a repressão, tudo sempre esteve tudo sempre
esta no mesmo lugar.
Foto extraída da internet (Google) com efeitos
de Fábio Dourado Sousa
Humanos!
Plenitudes frágeis quebram- se
Como se estivesse em casca de ovos,
Sugam a realidade pra marte,
Agora a fome é quem consome
E também quem fuzila.
Os gritos de eletricidade
Vão abortando cicatrizes,
Torcendo e destorcendo parafusos,
Lá fora os gritos de socorro
Misturam-se com barulho
Da chuva que cai sobre
Carros em movimentos.
_socorro...
_socorro...
_socorro...
_socorro...
socoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
rro......
_socorro...
_socorro...
_socorro...
_socorro...
_socorro...
_socorro...
_socorro...
_socorro...
Escutei novamente a cegueira
Conter o silêncio da realidade,
E as aglomerações de concreto
Esfola os miolos de quase tudo
Que
um monte de ossos segura...
No
ponto de ônibus
Foi
no lado torto da vida que aprendi a olhar nos olhos da realidade, não gosto de
conto de fadas, vida real também não sei viver.
Breves
borboletas, existindo da melhor forma que podem. E nós como podemos existir?
A
vida lhe dar perguntas que nem sempre precisam de respostas
O
mistério da vida é uma orbita um dia um espírito, no outro um corpo vivo. Você
sempre se imaginou um guerreiro, um místico, um roqueiro de cabelos compridos e
barba grande, cheio de fama, rodado de mulheres. Mas preste atenção, nem sempre
imaginar é o suficiente, nem sempre sonhar é o suficiente, tem que acreditar no
que se faz e alem de acreditar, amar, estudar e correr atrás do desejado.
Sei
que minha aparência não é boa, mas é assim mesmo nos filósofos do caos não
temos tempo para maquiagem, não temos tempo pra TV, não temos tempo pro tempo,
andei dois dias e meio na chuva estou com uma gripe terrível e a chuva não pra
e eu não chego, tenho que encontrar vários perdidos assim como você, sua
aparência é bem melhor que a minha, mas sua consciência é pior que a de um
rato, essas agulhas e esses cortes no corpo não te leva a lugar nenhum, já lhe
disse para acreditar no que faz amar o que faz isso é o suficiente, olha meu
ônibus esta chegando fique em silêncio por que eu vou partir em silêncio.
Herança
Socorro!
O pranto é sem choro
O
dia é sem sol,
O
ano não termina pra muitos
Aonde
vai você?
Seus
passos estão quebrados
E
o destino é sem passado
Na
fotografia sem cor
Nos
homens sem luz.
Minha
condução
É
uma garrafa de vinho tinto
É
um cigarro de palha
Nesse
jogo não tem fases
Não
tem frases, falta rima
Faltou
coragem, sobrou migalha
Da
herança de qualquer futuro.
“Herdeiros
do fim do mundo
Queimai vossa história tão mal contada”
Foto –
Fábio Dourado Sousa
Uivando
A
cintura não seria tão fina,
As
coxas não mais seriam lisas,
Fios
brancos entremeavam nos cabelos castanhos,
Seria
o uivo dos cães brigando por misericórdia?
Os
anjos do presépio têm a face marcada por orgasmo nostálgico.
As garotas choram por sexo,
Os
homens choram por sexo,
Somente
a ilusão busca o amor,
A
verdade é uma mentira eterna,
A
mentira e uma verdade passageira,
Quase tudo se perde,
Na
cintura que não seria tão fina,
Nas
coxas que não mais seriam lisas,
Nos
fios brancos que a frialdade da terra rouba
Deflorando
o fluxo de vida no silencio dos séculos.
Quase
tudo se perdendo
Em uma “trágica Festa emocionante”
Foto- Fábio Dourado Sousa
Flores
do tumulo
Minha
sensibilidade esta meio a flor da pele, estou condenando na porta estreita do caminhão
de lixo iluminado com olhos na cara do passado, queimo incenso para aliviar a
dor do mal olhado
Estou
entre feras que devoram os próprios filhos, meu ataque esquizofrênico revela a
lagrima de uma flor nua, brilhando duvidas vendendo terreno no céu.
_
Sabem que eu existo?
Eu
sei que eu existo, e isto me basta
Nos
poetas não temos o direito de amar e nem de falar pra ninguém quem somos, vivemos
secretos dentro dos nossos livros, dentro da nossa liberdade, na verdade nos
poetas
Podemos
tudo e mais um pouco, hoje fui entregar flores no tumulo do meu amigo Jack
kerouac, sentei e chorei por que vi meu passado passar dentro de uma alucinação
dos escritos do meu amigo. Quero sair
paras as ruas quero sair para o mundo, quero encontrar o a garota punk novamente
quero ver os manequins nas vidraças das lojas na rua augusta e sentir o cheiro
repugnante do cigarro da saudade que não será mais saudade. As vitrolas tocarão
musicas sem nostalgia.
A
ausência do cheiro de cigarro e da mancha de conhaque me atordoa, mas também me
deixa livre pra conversar com os beatniks, pra falar sobre a libertação das
mulheres nos anos 60.
O
sexo pálido e doce começou a dançar ao redor do fogo, borbulhante labaredas de
libertação e paixão não mais reprimida pelos donos da história religiosa e
pelos seguidores da língua adâmica.
O
sexo pálido poético das enfermeiras aprisionadas por soldados de guerra estão
procurando um violão e uma carona de beira de estrada, estão procurando o
caminho do Woodstock.
Fábio Dourado
Foto- Extraída da internet (Google)
Turbilhões
Atrás
da retrospectiva histórica esqueletos e crianças dançam no mesmo sinal, no mesmo
arco-íris de borboletas avermelhada por vinho sangrento das catedrais cegas
surdas e mudas.
As
religiões defloraram, violentaram as mentes dos
adolescentes
encefálicos, venderam pedaços de terra no céu para os anjos famintos de almas
que caminham com pés descalços nos asfaltos quentes feito inferno.
Tirei
a venda dos meus olhos, tirei meu corpo das torturas. Minha poesia indefinida
rasga as madrugadas boemias com livro de Arthur Rimbaud nas iluminuras dos meus
braços.
Na
acides dos olhos
No
pecado da carne
No
retorno da sensibilidade
Nas
frases mais sagradas dos dilúvios mortais no fim do mundo
Intitulam-me
alguns; outros colocam em me etiquetas, sempre me põem rotulo de poeta do caos.
Mas
sou e continuarei indefinido,
Com
inspiração nos olhos dos cachorros vagabundeando na rua, virando lata de lixo,
esperando a dança dos ossos sobrevoar tsunamis, escrevo sobre os restos mortais
dessa desumanidade que vai embora junto com a onda
Todos
os olhos foram embora
Todos
os pecados e as carnes
Todas
as sensibilidades e as artes
Tudo
foi embora
Só
restou a minha poesia do caos indefinido
São
sangrentas as palavras futuristas.
Aurora e concreto
Hoje eu deixei os livros de filosofia
para encher o celebro de concretos fresco. Calejei meus braços, minhas pernas,
minhas mãos. Construir edifícios para ricos sem alma, barracos para pobres
famintos.
No meio dessa guerra; nascem do útero os
filhos vísceras de sonhos quase eternos.
As barras de ferro perfuram as nuvens, as
mesmas perfuram o inferno.
Como falar das fadas adormecidas nas vitrines
do futuro incerto?
Eu suspirei mais cedo hoje, ouvi o galo
cantar com a tristeza de um blues as palavras do desassossego do bom dia.
Os motores e os pássaros acordaram na
mesma hora. A movimentação do concerto em direção aos corações dos adolescentes
perambulando para o colégio para a manipulação de mentes viciadas em
vestibular, enquanto isso, os santos de mãos calejadas suspiram óleo diesel no
café da manha, todos acordaram na mesma hora; à hora da abolição distribuída
entre os pobres.
Não sei falar do incerto futuro, mas os
fantoches se entregam nas garupas das motos fantasmas. O sentimento é meio
tenso nas cortinas amarelas, nas chamas por taras da garoa, nos catadores de
papel, nas frases inteligentes que os vagabundos recitam para os senhores de
estúpidas gravatas.
Não me pergunte onde esta a piedade!
Você sabe onde posso encontra uma migalha
de pão?
Não! Ninguém sabe.
Sei que a fome é nítida na nicotina
juvenil.
Quero todos os corações dos tocadores de
musica triste
Só assim posso decifrar os códigos dos sabores
amargos.
Esqueceram de me ensinar como sobreviver
nas ruas, e como comunicar como próximo com gentileza. Pensaram de mais em vestibular
acabei perdendo a noção do tempo, perdendo a noção da nação, perdendo a noção
de me e dos meus pensamentos, perdendo a noção da vida e da morte!
É difícil ver os famintos cães vagando na
areia quente do deserto como coração apunhalado nos dedos e a mente na
imensidão; Sentem que o fim é sem começo e o passado é completamente um segredo
desvendadamente nítido nos olhos cegos por claridade católica.
Os rachados pés perambulam o sol da noite
de tempestades intermináveis.
As crianças continuam a jogar bola nos
campinhos de terra que empoeira os olhos pra não ver a bola de trapo rodando o
estomago sem concentração de ternura do alimento imaginário.
Já da pra saber que almas existem?
(Fábio Dourado Sousa)